Negociações entre PP e Bolsonaro voltam a “andar”. Partido é aliado de Casagrande, mas um seguidor do presidente resiste: Evair de Melo
Apesar das gritantes contradições, o comando do PP no Espírito Santo não representa resistência à filiação de Jair Bolsonaro à legenda. Conversas nesse sentido voltaram a ganhar fôlego nos últimos dias, em mais um capítulo da longa busca do presidente “por um partido para chamar de seu”, só que agora, ao contrário do cenário anterior, com as portas abertas para recebê-lo. Pelo menos é o que mostram as declarações de lideranças à imprensa nacional, após uma reunião com presidentes da sigla nos estados, indicando aprovação de maioria absoluta dos filiados à chegada de Bolsonaro, com proximidade de o martelo ser, finalmente, batido. As rejeições se concentrariam, agora, no Nordeste, com as executivas da Bahia, Paraíba e Pernambuco. O diretório capixaba não entrou, portanto, na lista, apesar de comandando há anos por Marcus Vicente, aliadíssimo do governador Renato Casagrande (PSB) e integrante de sua equipe, com a Secretaria de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano. O socialista, candidato à reeleição, é o alvo a ser batido pelos bolsonaristas do Estado, o que também inclui um integrante do PP, o deputado federal Evair de Melo, um dos vice-líderes do governo na Câmara. Nas mãos de Bolsonaro, o jogo atual embola. Como fazer a aliança com o governo falar mais alto? E quanto poderá crescer internamente Evair, crítico costumaz de Casagrande e alinhado ao ex-deputado federal Carlos Manato (sem partido), candidato ao governo em 2022 pelo bolsonarismo? Do jeito que está, não fica!
Na rota, de novo II
A propósito, lembrar nunca é demais: o próprio Manato abordou esse tema nas movimentações registradas meses atrás, defendendo o comando do partido por Evair, que respondeu fazer essa conversa em nível nacional. O ex-deputado, inclusive, se disse simpático à legenda nessas condições. Ele aguarda há tempos a definição de Bolsonaro, para tentar o mesmo caminho.
Complicações
Pensar no PP capixaba saindo da alçada de Marcus Vicente é, sim, inimaginável. Como também é, conciliar dois projetos completamente antagônicos e que estão em guerra. Que venham as cenas dos próximos capítulos.
Condição
No partido, o acordo de filiação de Bolsonaro passa ainda pela disputa ao Senado. O presidente coloca como condição escolher os candidatos que disputarão pela legenda. No próximo ano, mais do que candidatos ao governo, os presidenciáveis querem garantir, principalmente, cadeiras de senador, e de deputados federais.
Garantido
Diante de tantos obstáculos nos últimos meses, Bolsonaro também mantém as conversas com o PTB, do ex-deputado federal Roberto Jefferson, que está preso. É um caminho garantido, mas não preferencial, que se reproduz aqui no Estado com Manato. Recentemente, ele postou fotos nas redes sociais comunicando do convite para se filiar à legenda.
Garantido II
Há meses, Magno Malta, dono do PL no Estado, também apareceu como cotado a entrar no PTB para disputar novamente o Senado em 2022. Depois, não se teve mais notícias dessa articulação.
O primeiro
O partido filiou, este ano, o Tenente Assis, candidato à Câmara dos Deputados. Ele disputou a prefeitura de Cariacica em 2020 e integra, da mesma forma, esse núcleo bolsonarista.
Quem?
O Espírito Santo ainda está no bolo das executivas estaduais do PSDB que não se posicionaram em relação à disputa interna entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS). Os dois candidatos ao comando nacional da legenda já estiveram por aqui, para encontro com a militância. As prévias ocorrem em 21 de novembro.
Balanço
Até agora, como aponta levantamento do jornal O Globo, Doria leva vantagem em São Paulo e ganhou o apoio das executivas do Pará, Distrito Federal, Acre e Tocantins. Já Leite tem oito diretórios estaduais: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas, Bahia, Alagoas, Ceará e Amapá. No termômetro capixaba, Leite foi mais exaltado por lideranças nas redes sociais.
Nas redes
“Só pode ser piada uma Moção de Aplauso na Câmara de Vitória pro veio da Havan. Sim, senhoras e senhores, foi aplaudido o empresário bolsonarista financiador e propagador de fake news. Óbvio que eu votei contra!”. Vereadora Karla Coser, do PT.
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