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Não larga o osso

Luciana Andrade toma posse já com criação de cargo exclusivo para manter Eder no topo do MPES

Hélio Filho/Secom

A posse da procuradora-geral de Justiça, Luciana Gomes Ferreira de Andrade, nesta segunda-feira (4), veio acompanhada da confirmação de acomodação do aliado e agora ex-comandante do Ministério Público do Estado (MPES), Eder Pontes, para continuar no topo da hierarquia no órgão ministerial, como ocorre desde que assumiu a primeira vez, ainda em 2012. O que não se esperava, exatamente, é que fosse ser criado um cargo especialmente para ele, como publicado no mesmo dia no Diário Oficial do MPES – Portaria PGJ nº 323. Eder ocupará a nova Assessoria de Integração e Relações Externas (ASRE), que funcionará junto à Procuradoria-Geral, com a finalidade, segundo o ato, de “realizar a interação entre o MPES e as demais instituições públicas e privadas, na busca da preservação e da melhoria da imagem e das funções institucionais”. Na época da gestão de sua outra aliada, Elda Spedo, que se candidatou em 2016 diante da impossibilidade de Eder (já havia sido reeleito), ele ficou por ali também, dando as cartas no cargo de subprocurador-geral de Justiça Administrativa, até poder novamente se candidatar e retornar ao cargo número um. E agora, por que não voltou para o mesmo lugar, na gestão da aliada da vez, Luciana Andrade? Porque a cadeira já está ocupada pela própria Elda, mantida por Eder e quem nomeou a atual procuradora em cargo de confiança durante seu biênio, condição que não mais perdeu dentro do MPES, até ser a candidata vitoriosa de Eder Pontes para mandato que se encerra em 2022. Inicia-se mais um período, do mesmo grupo, com o poder ainda nas mãos de Eder Pontes que, definitivamente, “não larga o osso”.

Ex?
O cargo de Eder foi motivo de comentários de bastidores nesta segunda, pois para além de criado exclusivamente para ele, tem atribuições estratégicas para manutenção de poder. Leia-se: integração com órgãos e entidades externos; cooperação e a interação entre o MPES e instituições públicas e privadas; interlocução com os poderes do Estado. E olha só…

Ex II?
…emitir pareceres e instaurar procedimentos; elaborar estudos e projetos; e participar de reuniões e sessões, inclusive perante o Tribunal de Justiça, o Conselho Nacional de Procuradores Gerais e o Conselho Nacional do Ministério Público, entre outros órgãos.

Projeto
A desistência repentina de Eder de se reeleger este ano, depois de sair na frente com a candidatura, não é novidade, jogou luz no seu projeto de assumir uma vaga no TJES, o que poderá ocorrer em 2021. Neste caso, para não correr o risco de dividir o comando do órgão ministerial lá na frente, a estratégia seria garantir o controle com a aliada e começar, ao mesmo tempo, a outra movimentação, agora prioritária.

Presenças
A posse de Luciana foi transmitida ao vivo devido à pandemia do coronavírus, mas não deixaram de comparecer o governador Renato Casagrande, a vice Jaqueline Moraes, o presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos), e o deputado estadual Marcelo Santos (PDT). Todos de máscara.

Aproveitou a deixa
No discurso de Casagrande, como não poderia deixar de ser, confete em cima de Eder Pontes, a quem chamou de “equilibrado e eficiente” – há controvérsias -, mas não sem aproveitar a oportunidade para falar da “politização em tudo, inclusive da pandemia”.

Cabo de guerra
Além dos sucessivos desserviços prestados pelo presidente Jair Bolsonaro, que já o colocou em rotas de colisão com o governador, há também os movimentos locais de deputados de oposição, que o acusam de se aproveitar do momento para firmar “contratos superfaturados”. Na linha de frente, Capitão Assumção (Patri).

Trama
Assumção, aliás, voltou num assunto quase antigo na sessão virtual da Assembleia Legislativa desta segunda-feira, que foi sua expulsão do PSL. Sem citar nomes, mas também nem precisava, acusou o deputado federal Da Vitória (Cidadania) e estadual Coronel Alexandre Quintino (PSL), de “mau-caratismo, covardia e trama asquerosa de bastidores para roubar o partido no Estado”.

Condições
Envolvido em imbróglio jurídico com Casagrande, o deputado também repetiu a tática de sempre de chama-lo de “ladrão” e exaltou o presidente do Patriota, Rafael Favatto, que aceitou sua filiação para concorrer na disputa à prefeitura de Vitória, sob a condição de manter posições fortes contra Casagrande e em defesa do governo Bolsonaro.

Condições II
Como já dito aqui, recentemente, Favatto estendeu tapete vermelho para Assumção para tentar colocar gás no nanico Patriota e comprou, junto, um “palanque-bomba”, antagônico à sua própria postura e atuação em relação à gestão estadual.

Posto
O deputado estadual Dary Pagung (PSB) assumiu a função de “líder interino” do governo na Assembleia Legislativa. Desde que Eustáquio de Freitas (PSB) perdeu a cadeira, com o retorno de Bruno Lamas (PSB) à Casa para se candidatar à prefeitura da Serra, Casagrande estava sem líder oficial para as sessões virtuais realizadas durante a pandemia. Oficial né, porque Enivaldo dos Anjos (PSD) sempre aparece para oferecer socorro.

PENSAMENTO:
No Brasil, a política se resume em não deixar a onça com fome, nem o cabrito morres”. Stanislaw Ponte Preta

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