Theodorico sofre novas derrotas no sul; palanques de Magno têm votações inexpressivas; e Manato nada de emplacar Assumção
Lideranças conhecidas do eleitorado capixaba, com influência e votos em seus redutos, saíram derrotadas das eleições municipais desse domingo (15), mesmo sem ter suas fotos visíveis nas urnas. O deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) apostou e participou ativamente das campanhas do apadrinhado político, Diego Libardi (DEM), em Cachoeiro de Itapemirim, e da mulher, deputada federal Norma Ayub (DEM) em Marataízes, municípios do sul do Estado, sua base de votos. Mas nenhum dos dois ofereceu risco aos eleitos, respectivamente, os atuais prefeitos Victor Coelho (PSB) e Tininho Batista (PTB). A “marca” Carlos Casteglione (PT) também em Cachoeiro, depois de duas gestões, também não vingou. A candidata do ex-prefeito, sua ex-secretária Joana D’Arck (PT), foi a sétima colocada no pleito, com apenas 2,16% dos votos. O ex-senador Magno Malta (PL), por sua vez, que registrou sua maior “baixa” na carreira na disputa de 2018, ergueu palanques que foram muito mal, como de Halpper Luiggi, na Capital, com 0,58% votos, e outros poucos competitivos, como do deputado Alexandre Xambinho, na Serra, que somou 5,62%. Magno, porém, ainda tem uma chance: o “palanque das internas” do delegado Lorenzo Pazolini (Republicanos) na Capital. A investida de Carlos Manato no mesmo município, explorando o discurso do bolsonarismo, também não disse a que veio. Capitão Assumção (Patri), que pretendia se consolidar como o grande representante do presidente e da direita no Estado, obteve 7,22% dos votos. Em Cachoeiro, o candidato tanto de Magno como de Manato, o atual vice-prefeito Jonas Nogueira (PL), que fez campanha semelhante, bateu 10,70%. Já em Vila Velha, a derrota de Neucimar, neste caso em uma disputa acirrada, não deixa de respingar, também, nos deputados Dr. Hércules (MDB) e Rafael Favatto (Patri), que formaram uma “chapa conjunta” para o município, depois do emedebista tentar se viabilizar mais uma vez sem êxito, como candidato a prefeito. Dr. Hércules e Favatto atuaram com força na campanha de Neucimar, inclusive com presença obrigatória nos eventos realizados com a população. Era a “união para Vila Velha”, que pretendia reunir os votos dos três para liquidar o prefeito Max Filho (PSDB), mas, ao final, com a arrancada de Arnaldinho Borgo (Podemos), acabou nem mesmo passando de fase.
Perdas eleitorais II
Com as derrotas deste ano, Theodorico repete 2016, quando na época presidente da Assembleia Legislativa, não conseguiu eleger Jathir Moreira (Solidariedade) em Cacheiro de Itapemirim e Norma em Itapemirim, outro município de seu alcance político. Parte da recuperação do capital viria dois anos depois, com a eleição dela à Câmara dos Deputados, onde agora permanece.
Pra trás
Este ano, apesar das estratégias iniciadas meses antes da campanha, Diego ficou bem longe do prefeito Victor Coelho (PSB), que venceu com 53,25%, enquanto ele obteve 17,74%. Já Norma obteve 23,05% dos votos, ficando na terceira colocação, atrás do seu principal opositor, o prefeito reeleito (40,26%), e ainda de Toninho Bitencourt (Podemos), com 36,69%.
3x
Se considerar o município de Itapemirim, onde forças locais se reuniram desta vez para tentar abater o prefeito Thiago Peçanha (Republicanos), é mais uma derrota para conta de Theodorico, só que sem o mesmo vínculo, obviamente! Doutor Antônio (PP) também perdeu, só que, ao contrário de Diego e Norma, deu trabalho: obteve 46,04% dos votos, enquanto Thiago 51,74%.
Estratégico
Entre as três lideranças, Theodorico, Magno e Manato, outro ponto em comum: todos criticaram as pesquisas eleitorais, tratando-as como mentirosas e tendenciosas.
Números
Na véspera da votação, o ex-senador publicou fotos dos seus candidatos em suas redes sociais. Além de Xambinho e Jonas, pastor Nilis Castberg em São Mateus, que conquistou 4,61% dos votos; Coronel Wagner em Vila Velha, com 6,73%; e Pedro Nunes em Castelo, com menos ainda, 1,97%; e ainda Rikelme Kruguer, em Domingo Martins, com 1,08%. Em Vargem Alta, Luciano Quintino bateu 16,07%, mas muito longe ainda do vencedor, Elieser (MDB), com 63,09%.
Principais vitrines
Já Manato, que anunciou apoio a candidatos em vários municípios e também circulou em atividades de campanha, tinha Assumção como a “cereja do bolo” do projeto que ele intitula como “bolsonarista” para 2022. Mas a onda de 2018 não se repetiu e, na Grande Vitória, não fez nenhum candidato pra chamar de seu.
Principais vitrines II
Na Serra, o ex-deputado federal estava com Vandinho Leite (PSDB) e, em Vila Velha, com Amarildo Lovato (PSL), ambos derrotados nos pleitos. Cariacica era outra prioridade do seu grupo junto com Vitória, com Subtenente Assis (PTB). O militar até cresceu na disputa, que se desenhou o tempo todo acirrada, mas ficou em terceiro lugar, sem avançar para o segundo turno, perdendo para uma petista, Célia Tavares. Assis ataca a esquerda e o PT o tempo inteiro.
Meta urgente
Voltando a Vila Velha, Neucimar avisou que, como presidente estadual do PSD, vai participar das articulações de segundo turno não só no município, mas em Vitória, Serra e Cariacica. A meta número um dele agora, após a derrota, é garantir a eleição de Sérgio Vidigal (PDT) e, assim, herdar uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Nem tanto
No início do processo eleitoral deste ano, o caminho para Neucimar chegar a Brasília parecia mais fácil, já que tinha duas possibilidades, Vidigal e Norma Ayub. Uma ele já perdeu, agora, é tentar fazer com que Vidigal mantenha o favoritismo sobre Fábio Duarte (Rede), candidato do seu adversário há 24 anos, Audifax Barcelos. Tudo pode acontecer.
‘Ingratidão’
A eleição em Vitória azedou a relação do deputado estadual José Esmeraldo (MDB) com o governador Renato Casagrande. Na sessão desta terça-feira (17) da Assembleia, ao criticar movimentos em defesa do voto útil, feitos por filiados do próprio PSB contra seu filho, Sérgio Sá, ele disparou: “pior coisa que tem é a ingratidão”, ressaltando que sempre votou no plenário junto com o governador.
Chororô
Aliás, a primeira sessão após o resultado das urnas, nessa segunda (16), foi um chororô danado dos deputados derrotados, acompanhado de justificativas para todos os lados. Onze disputaram prefeituras este ano. Só Enivaldo dos Anjos (PSD) se elegeu em Barra de São Francisco. Euclério Sampaio (DEM) e Lorenzo Pazolini seguem no jogo em Cariacica e Vitória, enquanto os demais, a maioria, teve desempenho fraco.
PENSAMENTO:
“Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”. Nelson Rodrigues