Abalos no grupo que domina o MPES há 12 anos criam um novo cenário para a oposição. Pergunto de novo: enfim, sinais de mudança?
Desde 2012, Eder Pontes, ex-procurador-geral de Justiça e atual desembargador, consegue emplacar todas suas cartadas no Ministério Público Estadual (MPES). Foi assim que elegeu sucessoras e, por duas vezes, alçou o grupo a disputar em condição de unanimidade, com candidaturas únicas – o próprio Eder, em 2014, e a atual procuradora-geral, Luciana Andrade, em 2022 -, mantendo o domínio também fora do órgão ministerial, já bem acomodado na cadeira do Tribunal de Justiça (TJES). Agora, pela primeira vez em 12 anos, fissuras internas sinalizam um novo cenário para a disputa do próximo ano, que pega fogo com antecedência nos bastidores. O racha entre Eder Pontes e Luciana, não há como negar, cria uma condição favorável para os blocos concorrentes. A permanecer até o processo eleitoral, o que hoje parecer ser o mais provável, o tabuleiro ganha contornos há muito tempo não vistos e com possibilidade de pulverização de candidaturas. No retrato atual, os dois nomes do campo da situação são Danilo Raposo, apoiado por Eder, e Francisco Berdeal, por Luciana. Do lado oposto, restará saber se haverá composição ou alguma estratégia casada que, neste caso, tenderia para Maria Clara Mendonça Perim e Marcello Queiroz, já que Pedro Ivo de Souza, embora também de oposição, pertence a outro grupo. Quer dizer, ainda são muitos nós para desatar, mas já deixo aqui aquela pergunta que sempre precisa ecoar: enfim, sinais de mudanças no MPES?
Queda de braço II
Outra questão ficou no ar: nessa disputa de poder entre Eder e Luciana, tem mais fatos além da discordância sobre a sucessão em 2024? A conferir!
Não larga!
Em 2020, quando Luciana Andrade criou um cargo exclusivo para o então padrinho político, logo que tomou posse, permitindo a ele continuar no topo da hierarquia, comentei aqui na coluna: “Eder não larga o osso”. Veio o cargo de desembargador, que era sua meta, e nada mudou.
Colados
Os candidatos de Eder e Luciana são promotores e estão na cúpula do MPES. Danilo Raposo é chefe de apoio do Gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) e Francisco Berdeal o secretário-geral do Gabinete. A depender do clima instalado nos últimos dias, pode sobrar “torta de climão”.
Opções
Na oposição, a promotora Maria Clara tem aparecido mais nas articulações. Ela disputou a vaga do TJES com Eder em 2021 e, internamente, foi a segunda mais votada na lista sêxtupla. O procurador Marcello Queiroz, que enfrentou Eder em eleições passadas e deu um aperto em 2018, quando perdeu por apenas um voto na lista tríplice, por enquanto, faz sinais mais tímidos.
Articulações
Já o promotor Pedro Ivo Souza circula nas áreas jurídicas e políticas – tem sido visto em diversas atividades com detentores de mandato e candidatos das eleições municipais de 2024. Ele é ex-presidente da Associação Espírito-Santense do Ministério Público (AESMP) e filho do procurador de Justiça Eliezer Siqueira de Sousa.
Movimentos
Os bastidores dessa disputa interna, como se sabe, foram deflagrados pelo pedido de saída do promotor Marcelo Lemos do comando do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (CAOA), expondo divergências com Luciana. Lemos é aliado de Eder Pontes e integra a articulação pró-Raposo.
Débito
Do ponto de vista ambiental, como já comentei aqui, os capixabas não têm nada a perder com a saída, pelo contrário! Marcelo Lemos tem débito nessa área cobrado constantemente por entidades, principalmente em relação à poluição do ar da Vale e ArcelorMittal. A expectativa nesse meio, agora, é saber quem assumirá a função.
Previsões
A largada definitiva da disputa ainda não tem data, mas precisa ser realizada no primeiro trimestre do próximo ano. Luciana deixa o cargo em maio. Cada promotor e procurador tem direito a três votos, formando a lista tríplice. A escolha final será do governador Renato Casagrande (PSB), que…bom, aí já é assunto para outra coluna!
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Mesmas mãos, de novo?
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Não larga o osso
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