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Rede bolsonarista

Na esteira do alerta de “politização das polícias” e dos atos do sete de setembro, Assumção é mais uma vez lembrado

Tati Beling/Ales

A repercussão nacional do aviso de “ameaça bolsonarista” nas polícias militares, que ganhou corpo após declarações e punição do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a um coronel que convocou a tropa para o protesto em favor do presidente da República e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) no feriado do dia 7 de setembro, tem mais uma vez um capixaba inserido: o deputado estadual Capitão Assumção (Patri). Ele aparece em levantamento de O Globo entre o grupo de parlamentares distribuídos pelo País – São Paulo, Espírito Santo, Paraíba, Bahia e Minas Gerais – que são ligados às PMs e têm usado as redes sociais para criticar a decisão de Doria, chamado de “ditador”, e defender o coronel Aleksander Lacerda (policiais da ativa são proibidos de participar ou promover atos político-partidários), além de fazer convites para o ato, com o chamado “chegou a hora do basta”. No caso de Assumção, as publicações envolvem, também, textos de que “entre Bolsonaro e os governadores, a tropa fica com Bolsonaro”; que “em caso de ruptura institucional, essas corporações atuarão como forças auxiliares do Exército”; e, ao falar de repressão a motins e outros atos de indisciplina, que “as polícias não podem ser empregadas de forma disfuncional por nenhum governador”. A atuação de Assumção nesse contexto tem sido praxe nos últimos anos, para além da participação na greve de 2017, na gestão passada de Paulo Hartung, que resultou em sua prisão e processo judicial. Em abril deste ano, ele foi apontado por também integrar um grupo de parlamentares de cinco estados responsáveis por incitar policiais e incentivar a desobediência às medidas de restrição da pandemia. O ponto central, na ocasião, foi a morte na Bahia do soldado Wesley Soares Góes e a convocação de um motim. No atual contexto, alguns estados já efetivam ações para conter a tropa após o assunto ter vindo à tona. Por aqui, o comando da PM garante que está “tudo sob controle”, apesar dos atritos de cabos e soldados com o governador Renato Casagrande (PSB) e alinhamento com lideranças ligadas ao bolsonarismo.

‘Guerra civil’
Assumção também publicou, assim como o deputado federal pelo Amazonas Capitão Alberto Neto (Republicanos), um vídeo de convocação do ato com um depoimento do pastor evangélico Claudio Duarte, afirmando que o país está “à beira de uma revolução, de uma guerra civil”, com referência velada à necessidade de participar da manifestação.

Oportunidades
Ao Globo, o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará, Luiz Fabio Silva Paiva, avaliou que esses parlamentares oriundos das forças policiais se colocam como “porta-vozes” do segmento e se valem da crise institucional para ganhar repercussão a partir de uma estratégia semelhante à de Bolsonaro, de “campanha permanente”.

Mesmo ciclo
É exatamente o que Assumção faz, seja no plenário da Assembleia Legislativa, onde exerce oposição a Casagrande, seja nas redes sociais, sistematicamente. Sempre joga bomba no governo, comunica de insatisfações da tropa e convoca reações, além, obviamente, de exaltar Bolsonaro.

Montanha-russa
A relação Casagrande versus forças policiais fluiu bem na campanha eleitoral, após o “pesadelo Hartung”, teve um pico em 2019, com protestos de ruas e negociações salariais, depois uma ligeira trégua, e entrou numa fase de acirramento duradouro desde 2020, com tendência a piorar em ano eleitoral.

Alarme falso
No início de 2019, portanto início também do governo Casagrande, várias mensagens internas e memes passaram a circular em redes sociais avisando de uma “grave crise interna” e até ameaça de repetição de 2017. Não passou daí.

Providências
Na polêmica nacional atual, o PDT protocolou representações nos ministérios públicos de todos os estados e do Distrito Federal, para solicitar a instauração de inquéritos civis para apurar a politização das polícias e bombeiros militares, bem como proibir a realização de manifestações coletivas de membros das forças de segurança. O MPES, portanto, está no meio.

Antagônicos
No dia sete de setembro, como ocorre todo ano, será realizado no Estado o Grito dos Excluídos A concentração será na Praça Getúlio Vargas, no Centro de Vitória, às 8h30, e este ano se juntará ao protesto a campanha Fora Bolsonaro. Já os bolsonaristas também resolveram ir às ruas, saindo do mesmo local de sempre: posto Moby Dick, na Praia da Costa, em Vila Velha, atravessando a Terceira Ponte, até a Praça do Papa, em Vitória.

Antagônicos II
Para o mesmo protesto bolsonarista, sairão caravanas do Espírito Santo para Brasília e São Paulo, onde ficará concentrada a estratégia dos seguidores do presidente desta vez. Ao invés de realizar nos estados, a ordem é fazer volume nos principais. Os movimentos de direita capixaba querem, mesmo assim, “um ato para chamar de seu”.

Nas redes
“Humanamente falando, não há melhor forma de governo que a Democracia. Ela não é perfeita, mas sem ela resta somente o arbítrio e a barbárie. Cuidemos e valorizemos nossa Democracia e nossas Instituições”. Vice-governadora, Jacqueline Moraes, do PSB.

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