A voz no deserto do vereador André Moreira: “Pazolini armou contra vocês [base aliada], para ficar bem com a população”
Nas internas, princípio de rebelião. Para fora, “ingênuo” Lorenzo Pazolini (Republicanos), que foi induzido ao erro!? Na polêmica do veto ao aumento dos salários dos vereadores de Vitória, que agitou a Câmara nos últimos dois dias, sobraram ecos de insatisfação e cobranças por respeito ao legislativo, mas faltou disposição de peitar o prefeito publicamente. Os discursos da maioria foram até ensaiados: tiroteio em cima do procurador-geral do município, Tarek Moyses Moussallem, subordinado ao prefeito, e o próprio Pazolini livre de críticas, quase uma vítima. Seguiram nessa entoada, na sessão após a bomba estourar, nessa quarta-feira (31), o presidente da Casa, Leandro Piquet (Republicanos), Leonardo Monjardim (Patri), Anderson Goggi (PP), Maurício Leite (Cidadania), Dalto Neves (PDT), Aloísio Varejão (PSB)…os únicos a saírem dessa mesma nota foram André Moreira (Psol) e Karla Coser (PT). Principalmente André, incisivo em suas colocações: “Pazolini sabia desde sempre” e “armou contra vocês, da base, para ficar bem com a população”, pontuando ainda que o “prefeito demonstrou que não é confiável”. Já Karla voltou a apontar a inabilidade política e de diálogo como uma máxima da gestão de Pazolini. Para além da estratégia visando as eleições de 2024, o que consiste em evitar desgastes à imagem ou medidas impopulares, portanto nada interessante atrelar seu nome a um aumento de quase 100% nos salários dos vereadores, o prefeito de Vitória conhece bem de legislação, é formado em Direito. E o parecer foi apontado, de forma unânime, como fraco, com erros primários e até de cálculo. Quer dizer, esse negócio de induzido ao erro, desavisado…não cola!
Ao contrário
Moreira considera a lógica inversa: não foi Tharek que induziu Pazolini ao erro e sim ele que encomendou o parecer a Tharek, para tirar seu corpo fora do problema. O vereador, que também é advogado, inclusive exaltou a capacidade intelectual do procurador, com quem estudou na faculdade.
Capítulos
Também não dá para achar que Pazolini não havia concordado com o projeto do aumento, defendido com unhas e dentes por aliados. Mudou de posição, não avisou, arrumou uma argumentação jurídica, quase perdeu o prazo, e, do nada, lançou a bomba dentro da Câmara.
Até nessas horas…
O discurso de Piquet na sessão dessa quarta-feira cumpriu seu papel, como presidente da Câmara, de defender o legislativo municipal e os vereadores. Também marcou posição ao devolver o veto, pedindo correções no prazo de 48h, chamando para si a sanção tática. Mas errou a mão em seu discurso, ao colocar o prefeito no mesmo bolo. A Câmara é fiscal do executivo, não sua banca de advocacia.
Providencial
Coincidências à parte, Pazolini postou uma lembrança em suas redes nesta quinta-feira (1). Adivinhe o tema? “Respeito ao seu dinheiro. Enquanto deputado estadual, fui o parlamentar que menos gastou com servidores (…). Essa é uma atitude de responsabilidade com o dinheiro público e de respeito a você, contribuinte”.
Choque direto
A propósito, na mesma sessão, foram expostas mais insatisfações em relação à Secretaria de Governo, comandada pelo empresário Aridelmo Teixeira (Novo). Desta vez, direcionada a seu assessor especial, o ex-vereador e ex-secretário municipal de Esportes, Sandro Parrini (União). Diz Leonardo Monjardim (Patri) que ele tem feito “ingerência” e “furado” vereador em seus projetos, de olho eleição da Câmara em 2024.
Fora
Da Câmara para a Assembleia, as deputadas Iriny Lopes (PT) e Camila Valadão (Psol) solicitaram à Mesa Diretora o desligamento do blocão partidário formado pelo líder do Governo, Dary Pagung (Psol). Os argumentos foram os mesmos: passaram a integrá-lo somente para as definições dos espaços ocupados na Assembleia, como as comissões e Corregedoria.
Dois lados
O blocão que representa a base aliada do governo Renato Casagrande, inclui o PSB, Podemos, União Brasil, PSDB, Cidadania, PT, Patriota e PDT. Já a oposição reúne PL, Republicanos e PTB.
Marca registrada
Como fiquei de dizer aqui, lá vai: o deputado Sergio Meneguelli (Republicanos) começou nesta semana a fazer uso do seu novo uniforme, após a polêmica do Código de Vestimenta. Ele já usa seu terno, porém jeans.
Ah, tá!
Já Lucas Polese (PL) retornou nesta semana após um mergulho profundo com a repercussão negativa da recusa de fazer o bafômetro numa blitz, com carro oficial. Mesmo com a imagem estremecida e alvo de pedidos de cassação, se achou confortável para questionar a moral de outros parlamentares, como do senador Fabiano Contarato (PT), por ter denunciado Magno Malta (PL) por crime de racismo.
Nas redes
“Publicado a autorização da nova licitação da concessão da BR-101 no Espírito Santo. A nossa bancada federal vai acompanhar de perto para que o novo contrato garanta efetivamente a duplicação da rodovia. Mas seguiremos em cima e cobrando a atual concessionária, que administra o trecho capixaba há 10 anos e não entregou nem 20% das obras contratadas”. Da Vitória, deputado federal pelo PP.
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Riscou o fósforo
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