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Pandemia reduziu procura por tratamento para tabagismo no SUS

Porcentagem de pessoas que pararam de fumar por meio do tratamento público também diminuiu

Em virtude do Dia Mundial sem Tabaco, comemorado nesta terça-feira (31), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) divulgou dados sobre a procura pelo programa de reabilitação contra esse vício e a quantidade de pessoas que conseguiram parar de fumar. Os números mostram que, nos dois quesitos, houve redução nos anos de 2020 e 2021. A explicação para isso, segundo o pneumologista e professor aposentado do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Valdério Dettoni, está na pandemia da Covid-19.

A quantidade de fumantes que buscaram o Sistema Único de Saúde (SUS) para o programa de reabilitação contra o tabagismo, que atua em 50 municípios, foi bem inferior a de 2019. No ano passado, foram 2,1 mil. No primeiro ano da pandemia, 2 mil. Em 2019, quando não havia pandemia, o número foi de 5,7 mil. Em relação às pessoas que deixaram de fumar, elas correspondem a 45,3% daqueles que buscaram o tratamento em 2019; 40,25% em 2020 e 37,7% em 2021.

“A pandemia aumentou o nível de estresse e depressão diante da necessidade de mudança de hábitos. Quem fuma teve mais dificuldade de parar e algumas dessas pessoas, inclusive, passaram a fumar mais. A própria necessidade de isolamento social também fez com que muitos não buscassem o tratamento”, diz Valdério.
O pneumologista afirma que muitas pessoas passam a fumar influenciadas por hábitos familiares, ou, principalmente adolescentes, devido a grupos de amigos. O ato de fumar, aponta, é, muitas vezes, associado a comportamentos sociais, como a liberdade. “Quando começa, a pessoa não sabe como é difícil parar. Às vezes começa como uma brincadeira, e termina como uma tragédia. O tabagismo é o maior causador de doenças evitáveis do mundo”, informa.
Ao contrário do que muitos pensam, o tabagismo, segundo Valdério, não causa somente câncer de pulmão, mas também outros, como os de esôfago, pâncreas, bexiga e laringe. Também é responsável por doenças pulmonares crônicas, doenças vasculares e coronarianas. “Um diabético que fuma tem maior risco de ter doenças cardiovasculares e precisar passar por amputação”, explica.
Valdério afirma ainda que houve redução na taxa de tabagismo no Brasil em virtude de ações implementadas pelo Ministério da Saúde durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como a proibição das propagandas de cigarro e a proibição de seu uso em lugares fechados.
Parar de fumar
O pneumologista afirma que decidir parar de fumar é essencial para largar o tabagismo. “Nesse negócio de ‘vou experimentar um pouco’, sem convicção, a chance de fracassar é grande, e o fracasso reforça para a pessoa que parar de fumar é difícil”, enfatiza. Outra atitude que também não traz muitos casos de sucesso é parar de fumar sem acompanhamento de profissionais da saúde.
“Quando você procura um médico, seja na rede privada ou no SUS, ele vai analisar seu perfil, reforçar o que o paciente tem de positivo, dar suporte em caso de fracassar ou quase fracassar”, explica. Além disso, aponta, em alguns casos é necessário prescrever medicamentos para reduzir os sintomas da abstinência.

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