Base aliada fecha com Casagrande e Hartung sinaliza voltar atrás

Ao pronunciar com um largo sorriso a frase “Renato é o nosso governador”, no final da manhã desta terça-feira (24), o senador Ricardo Ferraço (PSDB) e outras lideranças ligadas ao governador Paulo Hartung nunca imaginariam que outro acontecimento político colocaria ele e outros aliados em situação vexatória: o governador Paulo Hartung jogou no mercado a possibilidade de voltar atrás e entrar na reeleição.

A notícia caiu como uma bomba no cenário político e surpreendeu aliados e opositores do governo, principalmente aqueles que, como Sérgio Vidigal, presidente estadual do PDT, sentaram-se à mesa com o ex-governador Renato Casagrande (PSB) para anunciar a aliança, resultante da desistência de Hartung em concorrer à reeleição, anunciada aos quatros ventos, inclusive em mídia nacional. 



A desistência do governador, comunicada no dia 9 deste mês, provocou uma debandada de sua base aliada e desorganizou seus projetos de manter a liderança política no Estado e acomodar pré-candidatos, garantindo-lhes a vitória em outubro, a fim de erguer barreiras em defesa de seu legado, incluindo ações administrativas questionáveis. 



Com a base esfacelada, e diante do crescimento de Casagrande na preferência do eleitor, a saída do seu grupo foi estimular a candidatura da senadora Rose de Freitas (Podemos), antiga adversária transformada em peça útil para ele manter-se em cena. Acomodar aliados, no entanto, com a possibilidade de derrota, não é fácil. 



Com esse cenário, o bloco se dissolveu e cada um procurou seu rumo. Um deles, o deputado estadual Amaro Neto (PRB), liderança nova e desde cedo fugindo dos acenos de Hartung para desistir da candidatura ao Senado e disputar a Câmara dos Deputados. Desse modo, facilitaria a reeleição de Ricardo Ferraço.  



Amaro resistiu, recusou ser cabeça de chapa em lugar de Hartung, e manteve a candidatura ao Senado. Agora é o alvo para ser vice na chapa com o governador. Para fugir às pressões, viajou, e tem retorno previsto para esta quinta-feira (26).



A aliança com Renato Casagrande (PSB) foi anunciada por Ferraço, com a presença do presidente estadual do PDT, Sérgio Vidigal, e do deputado estadual Theodorico Ferraço, pai do senador, que controla o DEM no Estado, presidido por sua mulher, a deputada federal Norma Ayub.



O presidente do PSDB, César Colnago, não participou do ato. Seu gabinete informou que ele teve um dia normal, sem participar de reuniões. Desde domingo, Colnago passou o bastão das articulações para Ricardo Ferraço. Ele saiu desgastado depois de colocar seu nome para substituir Hartung na disputa ao governo, mas não conseguiu unificar o bloco governista. 



A decisão de o governador voltar atrás e disputar a reeleição deixou várias lideranças aturdidas, pois muitas já tinham fechado alianças com Renato Casagrande ou com Rose de Freitas, candidatura que teria o apoio do governo. 



Surpresa maior é o que teria motivado ele a adotar essa posição, levando em conta pesquisas eleitorais que apontam o crescimento de Casagrande com ou sem Hartung na disputa.