Domingo, 19 Mai 2024

Lei da Ficha Limpa pode anular candidaturas mesmo depois do registro

Lei da Ficha Limpa pode anular candidaturas mesmo depois do registro

Candidatos às eleições de outubro que exerceram cargos públicos e foram alvos de sanções jurídicas por irregularidades em suas contas terão o registro da candidatura cassado pela Justiça Eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa. 


O alerta é do advogado Antônio Carlos Pimentel, especializado na área eleitoral, dirigido aos partidos políticos na fase de registro de candidaturas, cujo prazo se encerra no próximo dia 15. A partir do dia 16, a campanha já pode ser levada às ruas.  


Até domingo (5), os partidos terão que realizar suas convenções, para definir  nomes e cargos que serão registrados no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). No período de 10 dias estabelecido para formalizar o registro, segundo Pimentel,  os partidos devem estar atentos às certidões exigidas pela lei. 


Ele cita a figura de prefeitos e ex-prefeitos candidatos que no passado tiveram problemas com as contas, rejeitadas pelas câmaras de vereadores de seus municípios. “Para que tudo corra bem, é necessário um levantamento detalhado das gestões passadas”, adverte.    


Plebiscito


Conhecedor da história e da política capixaba, Pimentel vê o processo eleitoral deste ano como um plebiscito das gestões do ex-governador Renato Casagrande (PSB), pré-candidato, e o atual governador, Paulo Hartung, mesmo após ele ter desistido da reeleição.


 “As duas lideranças começaram praticamente juntas, mas hoje há uma profunda divisão entre elas e seus blocos de aliados, que se projeta na sociedade mesmo sem participação direta do governador, que recuou por diversas razões, inclusive pessoais”, analisa o especialista.


Para ele, pesou mais na decisão a “fratura da máquina humana no exercício do governo” e, também, a frustração causada pela não inserção no cenário político nacional. “Muitos lhe convidavam a entrar na casa, mas nunca lhe ofereceram o sofá da sala para sentar-se”, filosofa Pimentel.


Ele relembra os movimentos da candidatura do apresentador de TV Luciano Huck, lançada por um grupo de empresários, sinalizando para Hartung ser o vice. Não deu certo, como outras tentativas de alçar voos mais altos, diz Pimentel.


Situações como essa, reforça o advogado, deve-se à falta de lideranças capazes de projetar o Espírito Santo no cenário nacional. Essa realidade, segundo ele, repercute negativamente em todos os sentidos e, também, na ausência de grandes obras e de investimentos públicos.


Em 2017, para confirmar essa afirmativa, o Estado deixou de investir R$ 1,2 bilhão em obras e projetos de infraestrutura, atingindo principalmente as áreas de saúde, educação e segurança pública. De 2014 até o ano passado, os cortes atingiram o percentual de 39,1%.


Como consequência, afirma Pimentel, o Estado viu aumentar os níveis de violência,  com o agravamento de ter-se transformado em uma espécie de “hospedaria” de bandidos do vizinho Rio de Janeiro, contribuindo desse modo para a ocorrência de mais casos de violência.


Pimentel considera que a disputa eleitoral para o governo do Estado, mesmo depois da desistência de Hartung, será uma escola plebiscitária, que se prolongará independente de quem seja o vencedor.


O legado do governado será colocado à prova pelo eleitor. Ele começou com a bandeira de combate à corrupção e colocou sua marca no controle fiscal e em colocar em dia as contas, gerando elogios e também muitas críticas, principalmente pela redução de investimentos e o aumento de casos de violência.


Casagrande, em seu governo, de 2010 a 2014,  ficou caracterizado por manter o cofre de investimento mais aberto, sem desprezar o controle das contas. Ele cita como exemplo a ampliação dos quadros da Polícia Militar como uma das marcas desse governo, que, da mesma forma, recebe prós e contras.


“São coisas desse tipo que vão estar em julgamento pelo eleitor”, afirma Pimentel.

 

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