XVI Semana de Filosofia da Ufes abre inscrições

Estão abertas as inscrições para a XVI Semana de Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que acontece de 6 a 10 de agosto, no campus de Goiabeiras, em Vitória.



Com o tema “Novos Rumos da Política Brasileira – Filosofia e o espectro do fascismo”, o evento trará à capital capixaba uma diversidade de pesquisadores das mais diversas ciências, atuantes no Espírito Santo e em outros estados da federação.



Jornalismo, feminismo, reforma do ensino médio, além da obra de vários filósofos e pensadores clássicos e contemporâneos são alguns dos subtemas que serão abordados em minicursos, palestras e mesas-redondas.



No pano de fundo dos assuntos abordados, está a defesa da democracia, que no Brasil, como bem afirmou o teólogo Leonardo Boff, em entrevista exclusiva nesse Século Diário, está sequestrada no Brasil.



Boff fará a palestra de abertura do evento, no dia 7, e também receberá o título de Doutor Honoris Causa concedido pelo Conselho Universitário da Ufes no final de junho.



 “As condições objetivas estariam dadas para uma rebelião popular. Mas faltam as condições subjetivas”, disse Boff a Século Diário, em declarada crítica ao perigoso conformismo da sociedade brasileira em meio ao cenário político tão adverso.



“O que nos resta”, convocou, “é lutar pela recuperação da democracia que foi sequestrada e, se possível, eleger um presidente corajoso que desfaça todas as maldades realizadas pelo anti-governo Temer contra os trabalhadores, contra a saúde e a educação”. “Somos herdeiros de um preso político”, metaforizou, em referência à Jesus Cristo, que considera ter sido “simultaneamente um ator religioso e político”.



Para o professor Maurício Abdalla, do departamento de Filosofia da Ufes, e membro da coordenação da XVI Semana, o sequestro da democracia brasileira se dá, hoje, no plano objetivo e subjetivo.



“O plano objetivo são as artimanhas políticas e jurídicas que levaram ao poder um governo que não foi escolhido nas urnas e que vem impondo à população, sem consulta, um projeto contrário ao que foi escolhido e que atende apenas aos interesses de uma minoria que não deseja perder seus privilégios no momento de crise que vivemos”, dispara.



Já no plano subjetivo, “do pensamento, da consciência”, complementa Abdalla, “o que foi capturada foi a capacidade da população de pensar essa realidade de forma autônoma e crítica”.



O professor explica que, “no lugar de um pensamento que entende a realidade e se posiciona a partir de uma avaliação do que se passa no mundo, foi colocada uma realidade construída pelas grandes empresas de comunicação que já entregam prontas as notícias selecionadas e manipuladas e as opiniões que se deve ter a respeito delas”. 



“Sem conhecimento da realidade, sem o pensar crítico e autônomo, não se pode falar em democracia, pois esse sistema exige a participação consciente dos cidadãos nas decisões acerca de suas realidades”, afirma.



Ainda sobre o controle dos meios de comunicação pela elite econômica, Abdalla enfatiza: “quanto mais pessoas forem capazes de desfazer a névoa das falsas verdades da mídia e seus comentaristas, das opiniões superficiais, dos ‘guias politicamente incorretos’, dos pseudo-intelectuais de Youtube, blogs e sites de think tanks, etc., maior será a potencialidade da sociedade de exercer o seu papel de controle do Estado e de sujeito da política”.



E desfazer essa névoa – ou o “fantasma”, “sombra” e “ameaça” do fascismo, segundo definições de “espectro” no dicionário – é uma das funções primordiais da Filosofia e, acima de tudo, o objetivo do evento.



Confira a programação completa e informações sobre palestrantes e outros convidados na fanpage da VXI Semana de Filosofia da Ufes.



Inscrições também podem ser feitas pela internet.