Nesta segunda-feira (27), a partir das 10 horas, no Centro Diocessano (Cedi), em São Mateus, no norte do Estado, agricultores e técnicos que combatem o uso dos agrotóxicos estão reunidos para balanço no confronto que fazem às poderosas transnacionais dos venenos agrícolas. Os agrotóxicos matam mil pessoas, todo ano, no Espírito Santo. E o uso dos venenos agrícolas só cresce.
As palestras e outras atividades em São Mateus lembram e comemoram os 25 anos da Associação de Programas em Tecnologia Alternativas (APTA), uma ONG capixaba que atua na agricultura sustentável.
O engenheiro agrônomo e coordenador da APTA, Demetrius de Oliveira, informou que atualmente a organização atua nos municípios de São Mateus, Conceição da Barra, Boa Esperança e Iconha. Trabalha com grupos de quilombolas e famílias camponeses. Lembra que na história da APTA, o atendimento já foi realizado em diversos outros municípios, como em São Domingos, Nova Venécia e Aracruz.
Produção sem venenos agrícolas e sustentável, assegurando a manutenção da água, com a conservação e recuperação da mata nativa e conservação do solo, entre outros pontos, fazem parte do trabalho da APTA.
A parceria com diversas organizações camponesas também é feita para a comercialização dos produtos dos grupos de produtores, igualmente voltados para a segurança alimentar. Atuam desde na escolha de alimentos a serem consumidos pela família, à orientação dos consumidores nas feiras e mercados agroecológicos.
A APTA atua com agrônomo, engenheiro florestal e administrador. Há famílias onde antes da formação em agroecologia, apenas uma pessoa tinha renda. “É o caso de uma família de Boa Esperança, onde apenas uma pessoa trabalhava como pedreiro. No campo, o trabalho nesta área pode faltar. Com a inclusão da família na agroecologia, as quatro pessoas da família, marido, esposa e duas filhas, estão produzindo”, relata Demetrius de Oliveira.
Ele assinala que hoje o lucro da família na feira é de R$ 800,00 por semana. A família tem ainda um rendimento anual de R$ 6.500,00 por produzir e vender para o governo federal, em um programa específico, e entregar os alimentos à famílias de pessoas de baixa renda na cidade. A propriedade desta família tem cerca de um alqueire, o equivalente a cinco campos de futebol.
O agrônomo destacou que nas famílias cuja adesão à agroecologia foi há mais tempo, como em Iconha, a renda familiar pode atingir cerca de R$ 4 mil por mês. As famílias atuam com a produção de alimentos, industrialização caseira dos produtos e comercialização. Várias delas, nas feiras orgânicas da região da Grande Vitória.
O coordenador da APTA informou que a organização produzirá um vídeo e uma revista sobre sua trajetória nos 25 anos, apresentando não só depoimentos, com as técnicas empregadas pelos agricultores.
Destacou as parcerias com entidades que fazem parte Articulação Capixaba de Agroecologia (ACA), que são o MPA, MST, APTA, MMC, PJR, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Representantes da Regional das Associações dos Centros Familiares de Formação em Alternância do Espírito Santo (Raceffaes).
A APTA é uma organização em que os trabalhadores e trabalhadoras rurais são associados e participam de sua construção, através dos processos de gestão social, sendo também parte do público beneficiário dos projetos que capta para cumprir este objetivo. Sua criação foi em março de 1990.