Convocado para prestar depoimento na sessão desta segunda-feira (18) da CPI da Máfia dos Guinchos, na Assembleia Legislativa, o taxista Valdir Jorge Souza não compareceu. Segundo auditora da Prefeitura de Vitória, Valdir domina 11 táxis em Vitória por procuração. Considerando a diária média de R$ 200 pagos por defensores ao dono da placa, a frota pode gerar cerca de R$ 60 mil mensais ao taxista.
Os membros da comissão aprovaram nova convocação de Valdir para a sessão da próxima segunda-feira (25). Para o mesmo dia também foi aprovada o que pode ser a primeira acareação da CPI. Devem ficar frente a frente o secretário municipal de Transportes Josivaldo de Andrade e a gerente de Vistoria e Fiscalização de Transporte da Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran), Adriana Sossai.
O depoimento de Valdir e a acareação entre Josivaldo e Adriana são efeitos diretos do relatório final da comissão de apuração de denúncias de fraudes nas permissões de táxi de Vitória instalada em agosto de 2015 pela prefeitura. O documento escancarou o esquema dos táxis de Vitória e expôs a prefeitura a contradições ao apontar que a cúpula da Setran manobrou para embarreirar investigações contra o esquema.
O relatório, a que Século Diário teve acesso, deixou claro que o serviço de táxi de Vitória é executado em maioria absoluta por defensores. Permissionários não trabalham. Confirmou também a existência de mecanismos de negociata de permissões à margem da lei como sublocação de placas e procurações, que garante a formação de frotas particulares como a de Valdir.
A CPI deliberou por encaminhar o relatório ao Ministério Público Estadual (MPES).
Mesmo com todos os indícios de irregularidades, Josivaldo tentou imprimir ritmo lento ao processo. O relatório final da comissão foi encaminhado no dia 20 de janeiro deste ano ao secretário. No dia 15 de fevereiro, envia ofício ao então subsecretário de Transportes, Fernando Repinaldo, solicitando apuração das denúncias do documento. No dia 7 de março, refreia novamente o ritmo da investigação ao remeter novo ofício, agora para a Procuradoria Geral do Município (PGM), solicitando análise e parecer sobre possível instauração de Processo Administrativo.
Adriana depôs na comissão no último dia 11 e não conseguiu elucidar o conjunto de suspeições que cercam o serviço na capital capixaba e indicam que a Setran resguarda o lucrativo mercado de táxi da cidade. Na mesma sessão, os membros abrir outra frente de investigação do mercado dos táxis de Vitória e decidiram requerer ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) a suspensão da licitação que concedeu 108 placas em Vitória.
Para a sessão do dia 2 de maio, a CPI dos Guinchos decidiu convocar os membros da comissão de licitação, o advogado Yuri Iglezias e o licitante Heverton Ribeiro. Yuri representou um grupo de taxistas em denúncia que apresentada ao TCE e ao MPES. A Corte de Contas decidiu pelo seu arquivamento por entender que a matéria foge a sua competência. O órgão ministerial ainda não examinou a denúncia.
Heverton Ribeiro integra o grupo de taxistas sobre quem pesam suspeições de recorrer a cursos online de língua estrangeira para inflar a pontuação no certame. Alguns licitantes concluíram cursos duas ou três línguas em até três meses. O presidente da CPI, Enivaldo dos Anjos (PSD) citou o caso da licitante que estava em 168° lugar e com a pontuação de língua estrangeira alcançou a primeira colocação.
A primeira colocada é Rosiane de Oliveira Puppim, que entre 14 de março e 19 de junho de 2014 qualificou-se em quatro línguas estrangeiras, em três níveis diferentes. Proeza semelhante alcançaram os candidatos Allan Jones Martins Mattos, Rosiel Guimarães, Fernando Almeida Gomes e Elielson de Freitas Maia, respectivamente segundo, terceiro, quarto e quinto colocados no certame. Somam-se a este pelo menos mais três casos de candidatos contemplados com permissão que se fizeram poliglotas em questão de dias.
Candidato da 74° posição, Herverton Ribeiro qualificou-se em inglês, italiano e espanhol em 40 dias, entre 22 de maio e 1 de julho de 2014. Os de italiano e espanhol foram realizados de forma concomitante, entre 22 de maio e 6 de junho.
