“Todo dia chegam 40 ônibus com trabalhadores de fora. E daqui das comunidades não enche um ônibus!”, reclama Joice Miranda, coordenadora da Comissão de Emprego e Meio Ambiente da Associação Comunitária de Barra do Riacho.
Após mais de dois anos sofrendo os efeitos dessa ilegalidade, os moradores das três comunidades e também das aldeias indígenas de Pau Brasil e Córrego do Ouro (Comboios ainda não formalizou sua adesão ao grupo) conseguiram ser ouvidos pela Jurong, por meio da intervenção da Polícia Militar.
Novas vagas ainda este mês
O 5º Batalhão da PM, em Aracruz, foi quem convocou e sediou uma reunião entre o grupo de moradores e a empresa, realizada na última quarta-feira (11). A Jurong se fez representar por duas funcionárias responsáveis pela contratação de mão de obra, que não souberam responder porque a condicionante ambiental em questão não tem sido cumprida. Mas se comprometeram a duas ações que, a princípio, atendem ao pleito das comunidades.
Primeiro que, a partir do dia seguinte à reunião, ou seja, dia 12 de janeiro, todas as novas seleções de trabalhadores que forem feitas deverão ser anunciadas primeiramente dentro das comunidades. Após 48 horas, não havendo preenchimento das vagas, elas serão então lançadas dentro do Sistema Nacional de Emprego (Sine). De acordo com as duas representantes, a expectativa é de que novas vagas sejam abertas dentro de 15 a 30 dias.
O segundo compromisso é no sentido de substituir a mão de obra já contratada, dispensando os trabalhadores vindos de outros municípios e integrando os profissionais residentes há pelo menos dois anos nas comunidades do entorno dos empreendimentos. A empresa se comprometeu a apresentar um plano para realizar a substituição até o dia 30 deste mês.
“Querem nos destruir”
Joice afirma que o grupo de lideranças comunitárias vai fiscalizar o cumprimento das promessas, com apoio da Polícia Militar e dos vereadores presentes na reunião. E que toda as demais empresas localizadas no entorno das comunidades também serão chamadas para a mesma conversa.
“É muito triste e revoltante. Os hotéis aqui da região lotados com gente vindo de fora pra trabalhar e os moradores daqui dormindo na fila do Sine à procura de emprego”, lamenta Joice, lembrando que há profissionais qualificados nas comunidades.
A líder comunitária também lamenta ter de constatar que o interesse de todas essas grandes empresas instaladas na região – Nutripetro, Gafor, Nutrigás, Teclit, Isometal, Tecvix, Gls, Jurong, Aracruz Celulose (Fibria), Canexus, Cessari, Imetame, Tabr, Portocel, entre outras – é destruir as comunidades locais. “Nenhuma delas tem interesse em nos ver crescer, elas querem é nos destruir. Mas não vão conseguir!”, sentenciou.