Ao longo da história, sempre houve uma ligação entre movimentos sociais e educação, relação que tem se fortalecido ainda mais na atualidade, num cenário de cortes de direitos sociais que têm afetado tanto a população do campo quanto das cidades. Para discutir temas como fechamento de escolas em zonas rurais e a retração de vagas na educação pública, sobretudo para jovens e adultos e do ensino noturno, uma mesa redonda vai reunir representantes de movimentos sociais e acadêmicos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) nesta quarta-feira (27), às 18 horas, no Auditório do Centro de Educação (IC-IV), Campus de Goiabeiras em Vitória.
A Mesa Redonda “Movimentos Sociais e Educação: desafios no contexto atual” debaterá o desmonte da educação pública e popular com representantes do Movimento Nacional de Luta por Moradia – MNLM (Maria Clara da Silva), Movimento Sem Terra – MST (Maria de Fátima Miguel Ribeiro), Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA (Leomar Honorato Lírio), Fórum de Educação de Jovens e Adultos (Márcia Roxana Cruces Cuevas) e Diretório Central dos Estudantes da Ufes – DCE Ufes (Ilona Açucena Chaves Gonçalves). A mediadora será a professora da Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), Edna Castro de Oliveira.
“Entendemos que diante da conjuntura social e política e, como propulsores de lutas por uma educação libertadora, ninguém melhor que os movimentos sociais para dialogar com a sociedade sobre este contexto de desmontes da educação no nosso país”, diz a convocação para o evento.
De acordo com Dalva Mendes de França, militante do MST que está na organização da Mesa Redonda, a aproximação dos movimentos sociais da academia é fundamental para sistematização do conhecimento, o que fortalece as ações que estão sendo desenvolvidas no campo e na cidade, ampliando ainda o debate.
Organizado pelos educandos do curso de Pedagogia – disciplina Movimentos Sociais e EJA (Escola de Jovens e Adultos), a Mesa Redonda tem inscrição gratuita, que pode ser feita no local. Também será emitido certificado de participação.
Fechamento de escolas
Levantamento feito pelo deputado estadual Sergio Majeski (PSB) mostra que 42 escolas estaduais foram fechadas no Estado entre os anos de 2015 a 2018, período da última gestão de Paulo Hartung. Já as vagas disponíveis na rede estadual passaram de 497,4 mil para 282,9 mil no mesmo período, uma redução de 43,12% ou quase 200 mil vagas.
Especificamente sobre o ensino médio noturno regular, as reduções de vagas se iniciaram em 2011, na gestão de Renato Casagrande, quando passaram de 85 mil para 56,7 mil. As reduções se mantiveram ano após ano, ininterruptamente, chegando a 6,2 mil neste 2019.
Neste mês de novembro, outro fato semelhante foi registrado em Boa Vista, zona rural de Cariacica. Ao tentar realizar a rematrícula dos alunos da Escola Estadual Pública de Ensino Fundamental (EEPEF) Professora Ilda Meirelles Freire, pais e responsáveis tiveram uma desagradável surpresa. Eles não conseguiram fazer o procedimento, uma vez que a unidade de ensino foi fechada pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu), sem que o fato fosse comunicado previamente à comunidade. Com a proximidade do fim do período de rematrícula, no próximo dia 26, eles lutam contra o tempo para encontrar uma solução para o problema. Os estudantes correm o risco de ficar sem vagas nas escolas das redondezas.
Agrava a indignação da comunidade o fato de a Sedu ter, recentemente, reformado a escola. Por meio de fotos dos ambientes reformados e até da placa onde são explicitados os valores e prazos para execução da obra, os moradores da localidade de Boa Vista acusam a Sedu de falta de planejamento e desperdício de recursos públicos. Foram gastos R$ 144,7 mil em obras de manutenção civil e elétrica da escola num prazo de 210 dias.