Com o fim do recesso parlamentar, no dia 1º de fevereiro de 2020, quando o deputado Erick Musso (Republicanos) retomar suas atividades na Assembleia Legislativa, além das funções normais da presidência, ele estará mais articulado com as ações do seu partido, a fim de manter o grupo político formado em 2018 visando eleger pelo menos 30 prefeitos, entre eles o de Vitória, segunda principal vitrine do Estado.
No final do ano, o grupo liderado por Erick sofreu seguidos revezes, em decorrência da eleição antecipada para a Mesa Diretora da Assembleia, ocorrida em 27 de novembro, alterando as relações com o governador Renato Casagrande (PSB). Embora não fossem aliados declarados, os chefes dos dois poderes mantinham relacionamento acima do protocolar.
A quebra do acordo com a antecipação da eleição da Mesa, que possibilitaria a extensão de mandato de Erick como presidente da Assembleia até 2023, trincou o bloco em decorrência da reação do governo, e levou Casagrande a reagir duramente, agindo junto a instituições e nas bases eleitorais. Movimentos considerados necessários oara reduzir a influência do deputado nas próximas eleições, que colocam em jogo até mesmo a sucessão do governo em 2022.
Não foi por acaso que o vice-presidente da Casa, deputado Marcelo Santos (PDT), apressou-se a desculpar-se com o governador em eventos públicos, confirmando o desmonte do grupo, considerando que a sessão de aprovação da eleição antecipada e também da votação foram conduzidas pelo próprio Marcelo.
O mercado político já sinalizava nos dias que se seguiram à eleição que dos 22 parlamentares que assinaram a “Carta ao Povo do Espírito Santo”, com a qual ele renunciou à votação que estendia seu mandato de presidente até 2023, apenas cerca de 10 ainda permaneciam firmes. No último dia cinco de dezembro, ele esteve reunido com assessores mais próximos para analisar a situação, a fim de traçar estratégias para enfrentar a pressão do governador.
A tendência já era de encolhimento, depois que Casagrande atuou no sentido de ampliar o seu nível de influência em todos os setores. Além disso, Erick Musso terá que dar explicações à Justiça, a começar pela ação civil pública movida pela seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que pede anulação da sessão da eleição de novembro e que, apesar da renúncia, ainda tramita judicialmente, com resultados imprevisíveis.
O caso já impôs derrota a Erick na Justiça Federal, com a decisão que anulou, até o julgamento do mérito, sua reeleição à Mesa. E não foi a única. Na esfera estadual também foram suspensos todos os efeitos da Proposta de Emenda Parlamentar (PEC) 028/2019, que possibilitou a reeleição antecipada, e também está proibida a realização de outro pleito, até a decisão final do mandado de segurança impetrado pelos deputados Dary Pagung (PRP), Sergio Majeski (PSB), Iriny Lopes (PT) e Luciano Machado (PV).
As eleições de 2020 estão às portas e o espectro do governador emite uma densidade muito mais intensa do que a provocada pelos poucos mais de 21 mil votos do deputado, mesmo levando em conta sua movimentação juntos aos prefeitos, a estrutura da Assembleia e apoios de outras lideranças, entre elas o deputado federal Amaro Neto (Republicanos), campeão de votos em 2018.