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Vicariato reforça necessidade de isolamento social e critica Jair Bolsonaro

Entidade diz que presidente da República desconhece realidade das famílias, principalmente as mais pobres

Diante do pronunciamento feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta terça-feira (24), o Vicariato Para Ação Social Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, coordenado pelo padre Kelder Brandão, divulgou nota nesta quarta-feira (25) reforçando as orientações dos profissionais de saúde e cientistas, que recomendam o isolamento das pessoas em suas casas para evitar o contágio do coronavírus, e afirmando estar aliado às autoridades estaduais e municipais que também defendem a iniciativa.

O Vicariato defende que toda vida importa e é dever de todos preservá-las, sendo impossível proteger as pessoas caso seja autorizado o funcionamento livre do comércio, da indústria e das escolas. Também destaca que o pronunciamento de Jair Bolsonaro mostra total falta de conhecimento sobre a realidade das famílias brasileiras, nas quais muitos avós convivem ou cuidam dos seus netos, sendo que, em vários casos, isso nem ao menos é opção deles. A nota destaca que muitos desses avós são responsáveis ou contribuem no sustento de suas famílias.

Outra realidade destacada pelo Vicariato é a de que em muitas casas são comuns situações em que todos dividem pequenos cômodos, portanto, é impossível a proteção por meio de isolamento. Sem contar, ainda, a falta de saneamento básico e de acesso à água potável, que expõe ainda mais as famílias brasileiras que, em muitos casos, têm sua saúde já comprometida pela falta de alimentação adequada. Desprezar essas complexas realidades, de acordo com o Vicariato, “é também desprezar a vida, o ser humano e toda cautela exigida nesta situação”.

O Vicariato já havia se manifestado por causa da crise sanitária na última segunda-feira (23). Junto ao Fórum Igrejas e Sociedade em Ação e a Defensoria Pública Estadual, elaborou um documento com reivindicações para prevenção ao coronavírus em meio à população de rua do Espírito Santo. O documento foi encaminhado para a Secretaria Estadual de Direitos Humanos, com o intuito de que essa secretaria faça a articulação com o governo e os municípios.

Entre as cerca de 25 propostas, estão disponibilizar locais adequados para abrigar as pessoas em situação de rua; disponibilizar de forma contínua equipamentos de proteção, como álcool em gel e máscaras, para a população de rua e trabalhadores da saúde e assistência social; providenciar pontos de apoio para higiene; descentralizar pontos de disponibilização de alimentação; acolher em espaço apropriado e higienizado, em caráter de urgência, os idosos em situação de rua; destinar cestas básicas de alimentos para a população de rua que for usuária de aluguel social e/ou moradia popular; identificar imóveis públicos e privados que estejam ociosos e tenham boa infraestrutura e utilizá-los como moradia temporária em caráter emergencial; e suspender a retirada de pertences da população em situação de rua.

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