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Mais de 150 famílias ocupam fazenda que Aracruz Celulose utiliza para desviar o rio Doce

Fotos_MST
Mais de 150 famílias ocupam a fazenda Agril, em Aracruz (norte do Estado), desde a última sexta-feira (20). A área, que tem oito mil hectares e pertence à Aracruz Celulose (Fibria), é utilizada para desviar a água do rio Doce para o rio Riacho – canal Caboclo Bernardo – e, assim, abastecer a fábrica da empresa no município. 

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O local abriga grupos de pescadores e ribeirinhos de Regência, Linhares, e os sem terras que ocupavam a fazenda Palhal, comprada pelo Estado e doada à Petrobras. As famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra foram obrigadas em agosto, por força judicial, a deixar o local depois de mais de três meses de ocupação. A área, de 415 hectares, assentava 45 famílias e já registrava plantações da produção orgânica, que não utilizam agrotóxicos. 
 
Com a ocupação da fazenda Agril, as famílias iniciaram a estruturação da área e a preparação do solo para os plantios de alimentos. 

 
A fazenda é cortada pelo rio Riacho, que devido a uma contenção realizada pela empresa, não foi atingido pelos rejeitos de lama da Samarco/Vale, que chegou à foz do rio Doce nesse sábado (21), em Regência, onde encontrou o oceano. A situação no vilarejo é alarmante, e tanto o rio como o mar, fonte de sustento da comunidade, estão interditados. 
 
“A ocupação de terra é uma das poucas alternativas aos moradores dessa região, pois é a possibilidade de conquistar terra para morar e trabalhar”, ressaltou Rodrigo Gonçalves, da coordenação estadual do MST. 
 
O movimento cobra o assentamento das famílias de camponeses, muitas delas há mais de sete anos morando em barracos de lona preta, na luta para conquistarem um pedaço de terra e, assim, construírem uma vida digna no campo, que irá alimentar não só as famílias camponesas como a população dos centros urbanos.
 
A ocupação da fazenda da Aracruz Celulose, além de denunciar a degradação ambiental promovida pela empresa nos locais onde estão seus extensos plantios de eucalipto no Estado, pretende alertar para o elevado consumo de água utilizada para a produção de celulose, que é matéria-prima para exportação – o consumo diário das usinas da Aracruz Celulose (Fibria), por meio do canal Caboclo Bernardo, seria suficiente para abastecer 2,6 milhões de pessoas, o equivalente à população da Grande Vitória.
 
Embora a Aracruz Celulose mantenha rebanho bovino nas proximidades do leito do canal, fixou placas na área que indicam o “alto valor de conservação ambiental” na fazenda.

 
“É assim que a empresa desapropria terra, expulsando camponeses e em conivência com o governo municipal e estadual. Junto com as mineradoras, como é o caso da Samarco/Vale, são as maiores financiadoras das campanhas eleitorais”, pontua o MST.
 
Desde a ocupação, a polícia e a empresa de segurança da empresa, Elite, estiveram na área apenas no sábado (21), quando fizeram um boletim de ocorrência. 

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