Diego Libardi é confirmado na disputa à prefeitura do município sul-capixaba com apoio de deputados
“Com certeza, vocês vão ver um pouco de Bruno em mim, um pouco do Allan em mim, e nós vamos fazer uma mistura para dar um caldo bom. (…) Que Cachoeiro não tenha apenas um prefeito, mas três cadeiras, para que a gente possa levar a mensagem e no futuro governar a cidade como ela tem que ser governada.”
As palavras são do advogado Diego Libardi (Republicanos), anunciado na manhã desta sexta-feira (10) como o pré-candidato a prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, pelo “grupo dos três” – como é chamada sua aliança com os deputados estaduais Allan Ferreira (Podemos) e Dr. Bruno Resende (União). O anúncio foi feito em coletiva de imprensa realizada em hotel no bairro Gilberto Machado.
Libardi deixou seu cargo de secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória no fim do último mês de abril, e a sua candidatura já era dada como quase certa. A dúvida que ficou foi a respeito da continuidade ou não da aliança com os dois deputados. No anúncio desta sexta-feira, os três fizeram questão de reforçar o discurso de “união acima de vaidades pessoais”. Diego chegou a mencionar que “as intrigas nos uniram muito mais”.
“Venceu Bruno, venceu Allan – eu ‘tô’ feliz por ter a confiança de vocês –, mas, absolutamente, venceu Cachoeiro de Itapemirim! Se nós tivéssemos um projeto fragmentado, seria muito difícil que cada um de nós conseguisse levantar voo para obter a vitória e governar a cidade”, discursou o advogado, citando também a vontade de fazer um “Grande Cachoeiro”, em contraponto ao “Pequeno Cachoeiro” cantado por Roberto Carlos.
De acordo com o grupo, o que mais pesou na escolha foi o fato de Diego Libardi ser o único dos três que não possui um mandato no momento. Apesar disso, Libardi disse que “estava pronto, caso a decisão fosse outra”. O presidente estadual do Republicanos, o ex-deputado estadual Erick Musso, esteve presente na coletiva de imprensa e destacou que Libardi “terá o apoio total e irrestrito do Republicanos, será prioridade”.
Também compareceram o presidente da Câmara de Vereadores, Braz Zagotto (Podemos); o vereador Ary Corrêa (Republicanos); o vice-presidente estadual do Novo, Luciano Lintz Jr; e a ex-secretária municipal de Desenvolvimento Social, Márcia Bezerra (PRD), outra pré-candidata a prefeita.
Alianças e vice da chapa
Segundo o “grupo dos três”, seis partidos já estão no arco de alianças visando as eleições municipais de outubro: Republicanos e Agir, por conta de Diego Libardi; Podemos e Partido Renovação Democrática (PRD), a partir de Allan Ferreira; e União Brasil e Partido Social Democrático (PSD), sob o controle de Bruno Resende.
Durante a coletiva, Século Diário questionou aos três como ficaria a relação com o governador Renato Casagrande (PSB) e com deputado estadual e ex-prefeito em quatro mandatos Theodorico Ferraço (PP). Bruno e Allan são da base do governo na Assembleia Legislativa, mas Casagrande não pretende apoiar Diego. Já Ferraço, que também é pré-candidato, apoiou Libardi em 2020, mas os dois romperam. Ferreira e Resende, por sua vez, vinham dialogando com o ex-prefeito.
Bruno e Allan afirmaram que, a princípio, nada mudaria em relação à continuidade na base parlamentar. Resende fez questão de ressaltar que comunicou pessoalmente a decisão ao governador, e Ferreira destacou que a aliança eleitoral é “pontual” em Cachoeiro. Diego Libardi, por sua vez, destacou que não espera nenhum tipo de discriminação por parte de Casagrande, e que só não conversou ainda com Ferraço porque, até então, não era pré-candidato
Século Diário também perguntou se já haveria alguém para compor a chapa como vice. Os três foram unânimes em dizer que ainda é cedo para apontar um nome. Segundo uma fonte ligada ao grupo, há um acordo para que Márcia Bezerra entre como vice, mas tudo dependerá do desenrolar das articulações eleitorais.
Direita com ‘discurso moderado’
Diego Libardi também foi questionado sobre como se posicionaria em relação a um “eleitorado órfão” da candidatura de Júnior Corrêa (Novo), o vereador de extrema direita que era apontado como o favorito para a disputa majoritária deste ano, mas surpreendeu o mercado eleitoral ao anunciar que desistiria da política para se tornar padre.
O advogado fez questão de frisar que está num partido de direita, e que se considera conservador e “defensor da família”, mas que não pretende aderir a manifestações radicais como a dos bolsonaristas. Ele citou como exemplo o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro do então presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem adotado um “discurso moderado”.
Outro ponto que surgiu diz respeito ao empréstimo de 50 milhões de dólares que o prefeito Victor Coelho (PSB) fez para viabilizar investimentos no município. Libardi reforçou que é contra a medida, por não concordar com a operação de crédito no fim do mandato e com os projetos apresentados, argumentando ainda que não é melhor opção para a situação econômica dos cofres municipais.
Mais pré-candidatos
Cachoeiro também tem como pré-candidatos declarados Léo Camargo (PL) e Carlos Casteglione (PT). Camargo é vereador de extrema direita, e teve que assumir a vaga do campo bolsonarista na disputa majoritária após a desistência de Júnior Corrêa.
Casteglione, por sua vez, é ex-prefeito de Cachoeiro em dois mandatos (2009 a 2016) e, atualmente, subsecretário no governo estadual. Ele já foi lançado como pré-candidato pela Federação Brasil da Esperança – formada por Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Verde (PV) – e tem o apoio da federação formada por Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e Rede Sustentabilidade.
Outros partidos que tem caminhado juntos são Progressistas (PP), Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e Novo, com apoio do setor empresarial. Os pré-candidatos do bloco são Theodorico Ferraço e sua esposa, a ex-deputada e ex-prefeita de Itapemirim Norma Ayub (PP). O empresário Tales Pena Machado (PP) também chegou a ser cogitado, mas não tem intenção de entrar na disputa.
No campo governista, Victor Coelho tenta reverter os sinais de baixa na popularidade para tentar emplacar a sua “supersecretária” das pastas de Obras e Manutenção e Serviços, Lorena Vasques (PSB). O Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) tem sido incluídos em uma possível aliança.