Quinta, 27 Junho 2024

Incompatibilidade de gênios

Muito antes do divórcio finalmente chegar ao Brasil, a gente acompanhava pelas revistas de fofocas as frequentes desuniões dos famosos de Hollywood,  e o motivo era sempre o mesmo – incompatibilidade de gênios. Era criança e a expressão me encantava, coisa mesmo de gente divina maravilhosa – gênio seria aí uma qualificação profissional e não uma vulgar variação de humor. Ou seja, eles eram gênios e por isso não precisavam se entender.
 
Hoje  sei que não apenas os gênios, mas também o comum dos mortais sofre variações de temperamento que podem acabar com casamentos, carreiras e amizades. Mesmo assim, as separações são mais explícitas – Não aguento mais o mau humor do Lino; Minha mulher vive em eterna TPM; O Nando não para em emprego nenhum, é um encrenqueiro. Como na vida quanto mais se vive menos se aprende, deparo finalmente com um casal se separando por  incompatibilidade de gênios.
 
Paul e Deny são jovens, bonitos, bem de vida, e estão loucamente apaixonados. Apesar de um ano de convivência amorosa, vive cada um no seu canto porque os cachorros de ambos não conseguem se entender. Por causa dessa  incompatibilidade canina, o que seria um belo romance está à beira do desperdício. Paul quer que a amada vá morar com ele, ela diz que a Sally dele é muito implicante; Deny concorda que passou da hora de unirem o endereço, ele diz que o Teddy dela tem um gênio de cão.
 
Resultado, os dogs, mesmo de boa estirpe, nutridos com alimentação orgânica e assistidos por psicólogos, não se toleram. As muitas e caras sessões de terapia não estão funcionando para Sally nem Teddy, o que nos ensina que, antes de iniciar um relacionamento que pode ou não subir na escala Richter, antes de divulgar o romance no Facebook e antes da apresentação às  famílias, é imperativo fazer o teste de compatibilidade dos respectivos cachorros. 
 
Casos da família rejeitar  a outra parte envolvida em um romance são comuns mesmo nesses dias em que estão usando o zap-zap pra informar a chegada do primeiro filho. Entre pessoas civilizadas, esses atritos são perfeitamente contornáveis, ou pelo menos aceitáveis. E se tudo mais falhar, são simplesmente ignorados, porque o amor tudo pode. Na vez dos cachorros, porém, e embora os casos sejam raros, não há como contornar ou relevar.  
 
Até  o momento em que essa coluna está sendo lapidada,  Paul e Deny continuam juntos/separados, nem lá nem cá. Mas paciência é igual caixa de chocolate , e tem hora que acaba. As famílias, os amigos comuns, os dois veterinários e até mesmo os porteiros dos edifícios onde moram estão preocupados. Ela vai e nunca leva o cachorro... cochicha o Porteiro A para a fofoqueira do nono andar; Ele vai e deixa o cachorro... comenta o Porteiro B com o entregador do FedEx.
 
Os deuses e deusas de Hollywood tiveram seu glamour, mas esse tempo passou e não volta mais. Os casamentos e relacionamentos dos ricos e famosos de hoje começam e acabam sem embaraçosas explicações aos fãs e colunistas de fofocas. Mas conhecendo o drama amoroso de Paul e Deny, pessoas comuns como nós, não é difícil imaginar quantos romances entre nossos ídolos acabaram por incompatibilidade de gênios de seus cachorros de estimação. Quando sabem do motivo todos comentam, Pobres cachorrinhos!     

Veja mais notícias sobre Colunas.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quinta, 27 Junho 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/