Sábado, 11 Mai 2024

Hartung e Huck dão a arrancada da direita em encontro com empresários

Hartung e Huck dão a arrancada da direita em encontro com empresários

Sufocado politicamente no Espírito Santo por falta de espaços em decorrência de uma imagem desgastada, o governador Paulo Hartung (sem partido) tenta aparecer bem na foto empunhando a bandeira da direita liberal ao lado do apresentador de TV, Luciano Huck. 


As declarações de ambos no encontro de lideranças empresariais promovido pela Rede Gazeta neste fim de semana, em Pedra Azul, Domingos Martins, deixam isso claro:“Há um déficit de lideranças no País”, foi a principal marca da fala de ambos. O mesmo tom dos movimentos dessa nova direita mundial, que sequestra o Estado por meio das privatizações e forte controle dos bancos.


Não é à toa que Hartung engrossa o coro contra a classe política e se proclama como formador de novos líderes, dentro do modelo de gestão empresarial, justamente o objetivo do instituto RenovaBR, que une os dois, e é alinhado com o capital financeiro internacional. 


Nesta semana, Hartung se encontra em Londres para ministrar palestra sobre gestão pública, a convite da Fundação Lemann e da Escola de Governo Blavatnik, da Universidade de Oxford. O evento tem como tema “Encontro de Autoridades: uma nova agenda para a gestão pública do Brasil”.


A Fundação Lemman é um dos patrocinadores do Intituto Millenium, ONG relacionada ao RenovaBR e da qual faz parte a ES em Ação, formada por corporações empresariais e de mídia, dentro da política de controle do Estado por grupos de empresas e bancos.  


Por essa via, foram eleitos o banqueiro Emmanuel Macron, na França, o empresário Maurício Macri, na Argentina, Sebastião Piñera, no Chile, e Mário Benitez, no Paraguai. Seus núcleos estão fincados nos conglomerados financeiros de seus países e nos Estados Unidos e nas grandes corporações empresariais.  


Depois da eleição de outubro, as ações do grupo, que se autodenomina nova política, foram intensificadas e estrategicamente colocadas para se contrapor aos projetados desequilíbrios gerenciais  do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro (PSL), ultraconservador, com as lentes voltadas para a sucessão presidencial de 2022. 



Até lá, a convivência pacífica prossegue, até quando for possível, para encobrir as articulações. Novos atores estão sendo formados pelos cursos promovidos pelo RenovaBR, em várias áreas de atuação, articulados por uma visão corporativa, privilegiando a venda de empresas públicas, enfraquecimento dos sindicatos e retrocesso em avanços sociais.


Para Hartung, o projeto do futuro ministro de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, comandante da economia do País a partir de janeiro de 2019, pode ser interessante. Ele defende o livre mercado, a meritocracia e o direcionamento da gestão pública de forma corporativa, com ampliação do controle pelo sistema financeiro.


As frentes das duas alas da direita, a liberal, de Hartung/Huck, e a ultraconservadora, de Bolsonaro, só destoam no aspecto comportamental, em questões ligadas ao aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo. Nas relações de trabalho e problemas de etnia, se afinam e seguem juntos para garantir a retirada de direitos e impedir avanços sociais.  


Hartung passou a ser visto em 2017 como o vice ideal para o então pré-candidato à Presidência da República, projeto abortado diante da insegurança quanto aos rumos da política e da esperança de tentar a reeleição para um quarto mandato de governador. 


Sem espaço no Espírito Santo, renunciou à política local e transferiu-se para o cenário nacional, inserindo-se no círculo dominado pelo capital e respaldado pelos meios de comunicação. Deixou pelo caminho aliados históricos, que amargaram derrota nas últimas eleições.  


O reencontro público entre Hartung e Luciano Huck com o presidente do  RenovaBR, Eduardo Monfarrej, e a classe empresarial no Espírito Santo representa uma arrancada, mesmo que dissimulada, da direita brasileira, alinhada com ações espalhadas no mundo, segundo regras de cartilhas do sistema financeiro.


Elas ocorrem ao mesmo tempo em que os movimentos sociais e partidos de esquerda registram um clima ameaçador na esteira de acontecimentos que deixam a população insegura, de maneira especial as camadas mais pobres. 

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